22.1.11

O mico de uma pesquisa mal feita

“Vamos fazer uma pesquisa para descobrir o que pensa o nosso público-alvo”. Quantas vezes você já não ouviu isso? E quantas vezes essas pesquisas foram feitas, apresentando questões cujas respostas já se sabia ou então induzindo os entrevistados a uma determinada direção, apenas para corroborar uma tese da diretoria e não evidenciar posições reais (muitas vezes contrárias)?
Fazer as perguntas certas às pessoas certas é crucial para o sucesso de uma pesquisa. Esta semana, vi um exemplo de como não seguir essa máxima.
A Associação Australiana-Asiática de Relações com Investidores acaba de divulgar os resultados de um estudo que aponta que somente 7% dos investidores de varejo (pessoa física) utilizam mídias sociais para apoiar suas decisões de investimento. Esse resultado foi amplamente interpretado como uma rejeição a esse tipo de comunicação naquela região do globo.
Errado. A conclusão não é essa. Na verdade, esse dado precisa ser colocado em contexto.
Os investidores de varejo australianos são pouco influenciados pelas informações financeiras divulgadas por companhias através das mídias sociais pelo simples fato de que a maior parte das companhias da Australia e da Asia não estão usando esses canais de divulgação. Então, parece lógico que as pessoas não dêem importância a isso.
Outro ponto: a faixa etária dos entrevistados. 63% dos respondentes tinham mais de 62 anos, e 32% tinham entre 44 e 62 anos. Ou seja, 95% tinham mais de 44 anos, o que significa que a pesquisa deixou de cobrir uma faixa etária primordial quando o assunto é tecnologia e mídias sociais, dado que pessoas mais jovens estão mais familiarizadas com esses temas e são usuários mais assíduos. Esse grupo representa a futura classe investidora na Australia. Se a ideia é manter o país como um dos que têm maior índice de pessoas físicas investindo em ações, as companhias de lá devem passar a olhar para esse público-alvo mais jovem e adotar novas ferramentas mais modernas de comunicação.
Como diz o designer Marty Neumeier, autor de livros sobre design como estratégia para posicionamento de marcas, “é melhor ter uma resposta curta e grossa para a pergunta certa do que uma resposta super elaborada para a pergunta errada”.
Via Mariela Castro

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